1.
MODELOS DE PLANEJAMENTO NA ESFERA PÚBLICA
Planejamento e gestão
democrática não se separam. A gestão estratégica incorpora também
outras formas de construção do saber, como o bom senso e a
intuição, que também são outras formas de trabalhar a informação.
1.1. PLANEJAMENTO
NORMATIVO
O Planejamento
governamental tradicional tem características normativas, visto que
a comunidade e as suas relações territoriais são consideradas
“passivas”, que aceitam e assimilam as políticas e programas
impostos pelo governo, sem reação por parte das instituições e da
coletividade. Pressupõe alta governabilidade, ou seja, que aquele
que governa tem total conhecimento e controle das variáveis
envolvidas no problema. O planejador julga que, quando os atores
sociais reagem, o fazem de forma previsível e previamente estabelece
estratégias que anulem essa reação.
Esse modelo tende a ser
superficial e incompleto, encontrando menos problemas em situações
onde o poder estatal é centralizado, a exemplo do planejamento
utilizado no período de 1930 a 1970, de regimes militares ou
economias socialistas.
Suas principais
características são:
⇒ controle absoluto do
planejador sobre o sistema social;
⇒ considera as reações
dos agentes sociais como previsíveis;
⇒ considera que as
variáveis que não controla não têm relevância no processo.
Em
ambientes
democráticos,
de
complexidades
sociais,
econômicas
e
políticas
de
nossa
atualidade,
o
planejamento
normativo
não
se
mostra
mais
adequado
em
função
dessa
característica
linear.
1.2. PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO SITUACIONAL (PES)
O
Planejamento
Estratégico
Situacional
– PES
surgiu
da
análise
das
dificuldades
do
Planejamento
Normativo
tradicional.
Carlos
Maltus,
principal
idealizador
do
método
PES
e
crítico
do
Planejamento
Normativo,
define
o
PES
como
“cálculo
situacional
sistemático
que
relaciona
o
presente
com
o
futuro
e
o
conhecimento
da
ação”,
ou
seja,
considera
as
relações
de
poder
entre
os
atores
sociais
envolvidos
no
processo
e
incorpora
as
variáveis
políticas
como
determinantes
para
a
viabilidade
das
políticas
públicas.
Nesse
contexto,
os
fatores
políticos
não
se
tornam
restrições,
mas
informações
que
possibilitam
o
atendimento
às
demandas
sociais.
No
PES,
a
realidade
social
é
algo
bem
mais
complexo
que
um
fenômeno
natural.
O
planejamento
ou
o
ato
de
governar
surge
como
um
conflito
entre
o
individual
que
se
opõe
ao
interesse
coletivo.
São
diferentes
visões,
objetivos,
recursos
e
poder,
assim
o
PES
analisa
as
situações
como
uma
interação
entre
os
atores,
onde
cada
um
interpreta
a
realidade
de
acordo
com
suas
motivações,
interesses
e
valores.
Esse
fato
dificulta
a
criação
de
um
planejamento
governamental
capaz
de
atender
às
necessidades
de
todos.
É
uma
metodologia
situacional,
pois
lida
com
uma
realidade
dinâmica
e
complexa,
que
não
supõe
um
final
exato,
de
forma
pré-estabelecida.
É
possível
planejar,
mas
não
é
possível
prever
o
resultado
com
total
exatidão.
Dessa
maneira,
um
programa
não
é
válido
antes
de
ter
sido
concluído
e
de sua
avaliação
o
determinar
como
tal,
visto
que
as
causas
que
o
determinaram
no
momento
da
elaboração
podem
deixar
de
existir
em
pouco
tempo.
Deve,
então,
ser
constantemente
avaliado
para
correções
e
realinhado
com
os
interesses
de
seu
público
alvo
e
objetivos.
O
PES
valoriza
mecanismos
que
garantam
sua
implementação:
previsão,
correção
e
aprendizado.
Necessita
efetivamente
de
um
sistema
de
cobrança
e
prestação
de
contas
(monitoramento),
em
que
as
responsabilidades
são
atribuídas
e
o
desempenho
cobrado.
Assim,
o
programa
só
estará
terminado
quando
estiver
o
mais
próximo
possível
dos
objetivos
propostos.
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